quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pro

não sei por que as pessoas gostam de mim. nem sei se poderiam gostar se me conhecessem. tudo que eu tenho, tudo que faço na vida, é mimetizar. pra quem gosta de acolher eu me faço fraca, pra quem respeita poder eu me mostro forte. quem gosta da vida me tem um palhaça. quem anseia carinho me tem glicosada. e se gosta de arte me faço num cordel enfeitiçado, rimada. e àqueles que gostam de deturpar, sou uma santa - não nego nada. no resto do tempo faço o que tenho de fazer.

mesmo sozinha, entre um pensamento e outro alterno humores, me revelo um simulacro. não entendo nem lembro como me tornei o que sou. simplesmente sei que conheço profundamente o muito antigo ofício.

o fetichista paga pelo diferente. só o podólatra me vê descalça e eu cobro por hora, cobro bastante caro.

durante todo ano uso fantasia. só, no carnaval uso meu vestido mais básico. eu sou a transgressão, eu sou proibida e errada. é por isso que não me falta trabalho, por que todos me querem... os casais me procuram, amigos me procuram, quem não deveria, me procura.

eu sou um reflexo da sociedade. eu sou mais uma necessidade. urgente, a se saciar. eu sou a certeza da satisfação premeditada.

contexto: esse iria ser mais um texto sobre mim. até o 'a' de 'fraca' seria. então percebi que poderia  falar de outro assunto.

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