sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mal-Entendido

você não ouviu
apesar de lembrar que ouviu
você não viu
apesar de pensar que viu
você não sentiu
apesar de achar que sentiu
você não mentiu
mesmo negando a verdade

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pro

não sei por que as pessoas gostam de mim. nem sei se poderiam gostar se me conhecessem. tudo que eu tenho, tudo que faço na vida, é mimetizar. pra quem gosta de acolher eu me faço fraca, pra quem respeita poder eu me mostro forte. quem gosta da vida me tem um palhaça. quem anseia carinho me tem glicosada. e se gosta de arte me faço num cordel enfeitiçado, rimada. e àqueles que gostam de deturpar, sou uma santa - não nego nada. no resto do tempo faço o que tenho de fazer.

mesmo sozinha, entre um pensamento e outro alterno humores, me revelo um simulacro. não entendo nem lembro como me tornei o que sou. simplesmente sei que conheço profundamente o muito antigo ofício.

o fetichista paga pelo diferente. só o podólatra me vê descalça e eu cobro por hora, cobro bastante caro.

durante todo ano uso fantasia. só, no carnaval uso meu vestido mais básico. eu sou a transgressão, eu sou proibida e errada. é por isso que não me falta trabalho, por que todos me querem... os casais me procuram, amigos me procuram, quem não deveria, me procura.

eu sou um reflexo da sociedade. eu sou mais uma necessidade. urgente, a se saciar. eu sou a certeza da satisfação premeditada.

contexto: esse iria ser mais um texto sobre mim. até o 'a' de 'fraca' seria. então percebi que poderia  falar de outro assunto.

Tenho

que eu sei que tenho
que vejo
tenho teu carinho (hummmm é isso mesmo...)
e mais que isso, respeito (iiiiiiiiiiiiiiiisso que é ótimo na gente!)
mais ainda tenho
que vejo
tenho em ti mais um pouco que carinho
um bem-querer tão carinhoso quanto te tenho
mais ainda que isso vejo
acho que tenho
mesmo quando não estou conversando contigo
em alguns momentos, teus pensamentos

(tu consegue ver isso de mim...)
(nossa sou tão previsível assim?)

tão carinhosa tu és
quão atenciosa que seja
cada coisa que me dás
nada que alguém preveja

você é o deslumbramento
em nada tenho certeza
mas quero eu descobrir
o que disso vai vir?
é boa qualquer coisa que venha

contexto: ao ler um texto que fiz pra ela, minha desiderata perguntou o que eu teria dela. o que está de azul petróleo fui eu quem escreveu. o (azul) foi ela.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Preso a Você

decerto serei encarcerado
teu eu, um roubo planejo
de algo que quero meu
cada coisa tua que tenho

farei meu teu coração
teu sopro, meu complemento
e tomando ele percebo
já teu o meu, preso

serei eu encarcerado
numa cela não solitária, preso
onde estiver pelo teu selo
me aprisiona e abraça, teu beijo

um dia depois do meu aniversário, quando a conheci.
bonita, bem vestida, cheirosa, risonha e, de longe,
já me pareceu muito pra cima. confirmei depois.
contexto: este é o 3º texto de Iทg૨iđ Ðαทi૯ℓℓ૯ (orkut/twitter/youtube/blog/fotos). ela é a desiderata. a conheci na festa de aniversário da namorada do meu melhor amigo. estuda computação, inteligente, amável, carinhosa, inteligente (ela é duplamente inteligente. então tenho que repetir), comunicativa, sem frescura, gosta de músicas legais (na minha opinião), gosta de Star Wars (uau!) e sorri esse sorriso que faz sorrir. e muito mais que eu não sei. ela é muito interessante. ainda achando pouco é MUITO gata!
Desiderata é um a junção de tudo que se quer, que se deseja, que se espera. a perfeição.
o nome do texto, minha desiderata quem deu

domingo, 18 de julho de 2010

Homi

O HOMI QUE VIVE NO MATO
NUM SABE O QUE É MORRER
PRA ELE O TEMPO NUM PASSA
APOIS DESCONHECE VIVER

O DIA DELE COMEÇA CEDO
E ACABA QUANDO ESCURECER
NUM SABE QUE DIA QUE É
SE DOMINGO, SEGUNDA OU SÁBADO
SABE SÓ O QUE DEVE SABER

PRA SERVIR DE FARRAPO DO MUNDO
NUM PRECISA ESTUDAR, NEM QUERER

O HOMI QUE VIVE NO MATO
ELE NUM MORRE
APOIS SÓ MORRE QUEM VIVE
ELE NUM NASCE MENINO
NEM SE ALEMBRA QUANDO SE TORNA VARÃO

NINGUÉM SABE SE ELE PENSA OU SE SONHA
APOIS QUE SÓ FALA SE FOR PRA OBEDECER
NA SUA PASSAGEM VAZIA NO MUNDO
SUA ALEGRIA É TÃO POUCA E BANAL
SONHA SÓ EM SE FAZER RESPEITAR
NUM PENSA NEM EM PARAR DE SOFRER

UMA HORA O SOL SE APAGA
E O HOMI DO MATO PÁRA
A LUZ ALUMIA MAIS FORTE E ACABA
O HOMI RESPIRA MAIS FUNDO E APAGA
SÓ ENTÃO DESCANSA, AO MORRER

contexto: eu me compadeço muito com os injustiçados. quando assisti Abril Despedaçado (recomendo muitíssimo) me doeu muito ver o Pai (que no filme não tem um nome, simplesmente é o pai) e o Mininu (que no filme não tem um nome, simplesmente é um menino a quem todos nós negamos dignidade) trabalhando daquele jeito infeliz que trabalham.
que eu me lembre, nunca fiz cordel. mas tentei fazer esse texto com alguma semelhança aos cordeis. isso  por conta de Carolina, que achou parecido com um cordel um texto desavergonhado (e impublicável) que eu fiz pra minha musa.
nesse texto deu uma mãozinha (um dedin), o semantic guy, @brunokbcao
se achou interessante, recomendo o Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. mostra o sofrimento dos homens do mato e o valor da vida.

e dedico esse texto pra mulher que tem um sorriso que abraça, que tem um abraço que parece um xero bem gostoso no coração, pra menina Carolina.

Momento

Era noite quando me perdi num mundo de pensamentos, de amor, felicidade e alegria. Também me veio à cabeça coisas que viriam a acontecer ou quem sabe já estaria acontecendo. Coisas que me trariam angústia, dor, solidão e sofrimento. Muitas vezes faço um sorriso pra enganar aqueles que são incapazes de atingir meu coração, e desvendar meu sofrimento. Meu coração parece acreditar na última esperança perdida que foi constituída por outros rostos. Rostos esses que não fazem a mínima idéia do que eu sinto, muito menos escutam os apelos desesperados em busca de uma mágica que fizesse com que nunca mais eu mesma escutasse o barulho desta lágrima que desce em meu rosto nesse momento.

contexto: esse texto é de uma amiga minha. não que eu o tenha feito, para ela. ela o fez. é uma amiga que tem o coração mais lindo do mundo.
eu acho o máximo o sentido que a palavra 'noite' assume no texto.

Meu Querer

Só no teu corpo que eu tenho desejo. Não pela sensualidade que ele tem. É pelo sentimento que você desperta em mim.
Quando te conheci não ouve em mim impulso de te possuir. Nem mesmo um impulso inicial, comum em nós homens. Eu só me dispus a te conhecer.
Depois das tantas mulheres que tive percebi que os outros dotes de uma mulher dão mais satisfação que a beleza isolada. Só de lembrar do teu carinho, tão sincero, você me faz satisfeito. Tua sinceridade é teu maior dote.
No meu desejo é a pessoa que você é quem desperta minha masculinidade. Eu sou um homem. Você é uma mulher. Você tem o teu corpo, não é teu corpo que, de qualquer forma, é você. Teu corpo me agrada porque eu gosto de você, não pela beleza que tem. Não pela magreza que me agrada. Sem tua cintura fina eu nem te repararia.
Eu vi uma mulher na pessoa linda que você é. E agora, quando te vejo, a última coisa que percebo é teu corpo.
Quando te digo que quero você falo do que você é, da pessoa linda que você é. Nunca o corpo gostoso que você tem. Nunca só isso.

Elle Est Blasè

mostro
ela não vê

digo
ela não ouve

sinto
ela ignora

completamente
sem qualquer esforço

com meu coração
com tanto desdém

uma palavra? amo
uma palavra? amigos

contexto: nem precisa. o texto fala. esse eu fiz pra minha mais que querida Denise
note que há várias formas de ler esse texto. uma é óbvia. outra é pular as linhas ímpares.
o título é algo como 'ela está desinteressada'

sábado, 17 de julho de 2010

condicio

o que eu quiser eu terei
em quanto eu puder será teu

quando tiver frio o teu colo
quando tiver fome o teu beijo
quando tiver seco teus braços, abertos

no que não puderes teu sorriso compensa
tudo que necessitais buscarei

teu respeito meu respeito
meu carinho... teu carinho!
arrebatamento
entendimento
doação
felicidade

admiração
mútua

sem qualquer cobrança boba, nem condição

contexto: depois de passado muito tempo praticamente sem escrever fiz esse texto. eu tinha costume de escrever de supetão. impressionava demasiado meninas, bastante efetivo. bem, isso tá perdido em meu passado.
ok. enfim... estava eu conversando com uma menina que mexe demais comigo.
nós iríamos viajar e eu tinha oferecido minha casa pro povo da viajem ir antes de ir pro aeroporto. ela perguntou se podia ir. eu disse(já bolando o poema): ‘com uma condição’ ela: ‘qual?’
o texto é dela. fiz de coração. o nome do texto (condição) ela quem deu. foi feito em 13/07/09.

ela quando foi na minha casa. estava linda no dia

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Nos Teus Braços

teus braços me laçam
desprevenido, contentemente recebo
de lado teu rosto em minhas costas
tuas mãos leves sobre meu peito
não vejo, mas sinto teus olhos fechados
me viro, te dou carinho com beijos
e te tenho a me beijar

teu corpo é tão pequeno
teu abraço mal me cobre
mas até a alma acolhe
tão carinhoso é teu abraçar

domingo, 4 de julho de 2010

Labirinto

Juli Gley, Juli Gley...
o que é isso que causas, Juli Gley?
no que te apraz bagunçar a mente incauta?
tanta coisa se esconde nos teus olhos
Juli Gley preste atenção: preserve o mistério. não sorrias
porque teu sorriso diz muito. te desnuda
ele mostra o que se deve fazer
revela o que não queres ouvir
ou faça melhor: use sorrisos dissimulados. sorrisos de ressaca
e deixe a mente incauta à danação


contexto: o 3º dos textos da minha musa. ela fala demais. pra mim é transparente. tenta, mas não consegue dissimular. dentro do sorriso que ela me dá eu vejo o labirinto indecifrável do coração dela, um tanto carente, um monte boêmio. impossível de se encontrar. demasiado fácil de se perder.

Violação

é agora que sou eu quem dita o que você quer
nada do que você diga vai me demover ou desacelerar
nada do que você crê vai te proteger ou resguardar
nada do que você tenha vai me diminuir ou intimidar
nada do que você seja vai me dar pena ou parar
nada do que você faça vai me impedir, vai me incentivar

NADA DO QUE VOCÊ QUEIRA VAI IMPORTAR

contexto: esse é um texto muito antigo. peguei num caderno com tantos outros. a agonia que eu sinto quando vejo algo sobre as tantas formas de violação me fizeram vomitar esse texto. não lembro bem quando o escrevi.

Contrapartida

o que queres de mim, musa?
devo adivinhar?
meu amor só precisa saber que existe
meu impeto em te servir não precisa de muito
meu desejo é teu
minha vontade é a sua, é você
o que queres de mim?
o que vais me dar?

contexto: esse é um do textos da minha musa. dos publicáveis, é o segundo.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

no meio

à décima segunda hora do dia
meio dia se vai
metade do dia se tem
no segundo dia do sétimo mês
seis meses se foram
seis meses que vêem

planos se realizaram
promessas de outros
pro semestre que vem

quem hoje faz aniversário
fico eu de parabéns

contexto: hoje é o dia do meio do ano. e meu 25º aniversário.